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13 sábado jun 2015
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12 sexta-feira jun 2015
Posted Cícero Almeida, Poesia
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quando me calas
quando me chamas
quando em chamas
me enlaças
nos laços
lençóis
nos teus desejos
desejo
quando me fascinas
quando me ensinas
quando em sina
me colhes
no largo
me acolhes
nos estreitos
nos extremos
entre lábios e olhos
me vejo
viajo
quando me afagas
quando me abraças
quando me abarca
me arrebata
me arremessa
plenifica nas eras
nos topos do tempo
quando me amas
quando me fundas
quando me animas
me inquieta
me furtas
de tempo e espaço
e eu infindo
em gestos
em êxtase
em ti renasço
e tudo é manhã.
Cícero Almeida
12 sexta-feira jun 2015
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12 sexta-feira jun 2015
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dois meninos se amam
num canto de muro
do bairro do Benfica
não poderia ser diferente
nesses tempos insanos
em que morrer é cotidiano
haja cidadão brasileiro
atravessando a avenida
da universidade
para se deparar com três
pares de pernas
entrelaçados, num escândalo
amor, o amor é livre
é um pivete de pé no chão
que joga bila e solta pipa
sem medo de morrer
de neblina ou sereno
amor, o amor é livre
é livre o amor
e faz indecência nos becos
pisa, deita, rola na grama
vibra
quanto mais gostos dentro da boca
quanto mais línguas que se enroscam
quanto mais sexos que se misturam
o amor dança um tango,
um Jazz, um blues
a última música do Strokes
toca no peito uma canção da Gal
amor, o amor é livre
e desaprende todos os dias
o ciúme, desaprende
essa baboseira toda
virou anarquista
quer conhecer o mundo
não tem muita grana
tampouco se importa
se o interlocutor,
é jovem ou senhor
de pernas pro ar
o amor quer mais é amar
explodir em mil estrelas
cadentes
como um comenta
que adentra atmosfera
e se desadensa
vamos ao norte
vamos ao sul
em toda parte, agora e antes
também mais tarde
há gentes gritando
e não é de dor
porque amor, o amor é livre
gasguito e fleumático
e lhe digo amor
o amor não é tímido
não é
jamais vai deixar
de gozar o infinito
no meio da rua
sob os raios do sol
sob os olhos da lua.
Talles Azigon
11 quinta-feira jun 2015
Posted Conto
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Já era de se esperar, é dia dos namorados, ora bolas! Claro que comprei o seu presente, como iria esquecer essa data tão importante para nós? Disse vendo o sorriso daquela que me olhava com olhos marejados.
A verdade era que não fazia ideia do porquê da troca de presentes nessa data, mas como era tradição (leia-se pressão)… Tinha quase certeza que havia sido obra de marketing, daquelas compre esse cinto e segure o seu amor, e aposto que foi este mesmo comerciante de cintos que soltou o boato que presentear perfume era perigoso, pois se usado até o final o amor acabaria, para derrubar a concorrência. Muitos guardaram o frasco pela metade de perfume e ainda sim viram o “amor” sair pela janela e correr pelo campo.
Ela, emocionada, com a grande caixa de presente à mão abriu-a lentamente, e ao vê-lo não acreditou e começou a chorar. Chorou copiosamente. Aguardei se recompor e retribuir ao regalo de alguma forma. Com algum sorriso ou abraço que fosse.
Havia estudado, tempos antes, que antigamente o amor era reconhecido e agradecido da forma mais simples, porque este já era o principal. E tudo havia começado com Valentim, um bispo da idade média, cuja história não é relevante neste momento, e que depois de muitos anos o dia e mês de sua suposta morte foi relembrado pelos amantes, principalmente com mensagens de amor na soleira das portas.
Preferi mudar a tradição, confesso, era um pouco ultrapassada para os dias atuais. Hoje, o que se coloca na soleira das portas são dívidas, e não é nada romântico.
Nem sorriso, nem abraço. Fechou a porta à minha cara e de dentro da casa sussurrou – ele não me ama.
Fiquei pensando se era por que eu não havia desenhado um coração no cartão.
Bruno Mota Pinheiro
09 terça-feira jun 2015
Posted Poesia
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-Onde o poeta está quando ele não escreve?
-Quem?
-Exatamente. Ele desaparece.
-Mas, isso não existe.
Ele deve estar em algum lugar.
-Ele está onde a lua é cheia,
o amor intragável e o vinho é barato.
-Bem, isso é muito a minha cara.
-Quem sabe tu não sejas um poeta.
-Que fracasso.
-Fracasso é não sentir e acredite,
o poeta sente e daquilo que sente produz
poesia.
-Mas poesia não pode curar um amor intragável.
-Quem disse que aquilo que é amargo é doença?
-Ora, ninguém gosta do amargo.
-Quem dera ficássemos felizes pelo paladar
que possuímos ao invés de infelizes
por um sabor que não nos agrada.
-E tu já viu algum poeta feliz?
-Não, mas já te disse.
-O que?
-Eles desaparecem e até mesmo felicidade
pode caber nessa lacuna.
Cristina Braga
09 terça-feira jun 2015
Posted Microconto
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Era uma casa,
uma simples casa.
Seu dono
vivia a limpá-la às manhãs.
Verdade,
ele andava meio solitário,
inquieto…
Era muito zeloso,
nosso arquiteto.
Nos amanheceres secos
silenciavam os jardins,
as flores curiosas
já não o viam por ali.
Então, a casa enfeitada
trazia novos moradores:
rachaduras nas paredes
e raios ranzinzas de sol.
o joão-de-barro
havia ido embora,
não se sabe pra onde,
talvez para longe do homem.
Elton Danana
09 terça-feira jun 2015
Posted Poesia
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Atravessa o rio com um deus nos ombros,
deus de fundas margens,
rio de ombros largos;
semeia nas águas a semente seca
de uma antiga raça
expulsa da barca
porque traficava sol e sal e sangue.
E um peixe-demônio come a voz do tempo
e o anzol do homem;
tinge de vermelho seu rio só lodo,
presente de um deus
que navega em seus ombros.
Wender Montenegro
07 domingo jun 2015
Posted Poesia
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Estão todos parados ali
me olham
eu também olho mas não os leio.
Todos guardam segredos
e eu o que guardo?
Já não guardo bruxas
nem lobos
Talvez deuses
ou demônios?
Os deuses me devoraram por dias
me amordaçaram em suas masmorras
Mas morreram todos
e agora felizmente
Sou eu com meus demônios
Eles é que são sinceros
Ao final estaremos todos nos céus
E haverá muito vinho e poesia.
Djania Beserra
07 domingo jun 2015
Posted Microconto
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Encontrava-se preso em um edifício em chamas.
Mandaram-lhe uma corda grossa e extensa, disseram:
“Para você fugir. Salve-se”.
Considerou a vida e as esquinas sem rumo,
os cigarros apagados, as dívidas, as despedidas sem
esmero, todos os fogos sem perdão.
Olhou para baixo. Fixou a corda e enforcou-se.
Renato Pessoa