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Já era de se esperar, é dia dos namorados, ora bolas! Claro que comprei o seu presente, como iria esquecer essa data tão importante para nós? Disse vendo o sorriso daquela que me olhava com olhos marejados.

A verdade era que não fazia ideia do porquê da troca de presentes nessa data, mas como era tradição (leia-se pressão)… Tinha quase certeza que havia sido obra de marketing, daquelas compre esse cinto e segure o seu amor, e aposto que foi este mesmo comerciante de cintos que soltou o boato que presentear perfume era perigoso, pois se usado até o final o amor acabaria, para derrubar a concorrência. Muitos guardaram o frasco pela metade de perfume e ainda sim viram o “amor” sair pela janela e correr pelo campo.

Ela, emocionada, com a grande caixa de presente à mão abriu-a lentamente, e ao vê-lo não acreditou e começou a chorar. Chorou copiosamente. Aguardei se recompor e retribuir ao regalo de alguma forma. Com algum sorriso ou abraço que fosse.

Havia estudado, tempos antes, que antigamente o amor era reconhecido e agradecido da forma mais simples, porque este já era o principal. E tudo havia começado com Valentim, um bispo da idade média, cuja história não é relevante neste momento, e que depois de muitos anos o dia e mês de sua suposta morte foi relembrado pelos amantes, principalmente com mensagens de amor na soleira das portas.

Preferi mudar a tradição, confesso, era um pouco ultrapassada para os dias atuais. Hoje, o que se coloca na soleira das portas são dívidas, e não é nada romântico.

Nem sorriso, nem abraço. Fechou a porta à minha cara e de dentro da casa sussurrou – ele não me ama.

Fiquei pensando se era por que eu não havia desenhado um coração no cartão.

Bruno Mota Pinheiro